domingo, 20 de julho de 2008

Bonito de doer

Acordar e ver o mundo em imagens ultra-impressionistas por vários anos nunca foi um drama pra mim, ex-míope de 7,5 graus em um olho e 6,5 graus em outro. As lentes de contato eram acionadas rapidinho e pronto. Até que um dia cansei, tomei coragem e fiz a tal cirurgia que dura exatos 10 minutos nos 2 olhos. No dia seguinte à intervenção abri os olhos e enxerguei o mundo de verdade, sem acessório e (juro!) em cores mais intensas. Como é ruim ver o mundo embaçado (sem ter feito essa escolha, claro) e, pior, por um olho só! É isso o que nos propõe o diretor Julian Schnabel em O Escafandro e a Borboleta, filme baseado na história (verídica) de Jean-Dominique Bauby. O editor da revista Elle, de 43 anos, sofre um derrame cerebral e adquire como seqüela a rara síndrome de locked-in, que o impede de falar e movimentar-se, além de obrigá-lo a ver o mundo por um olho só. Com ironia (Jean-Dominique sabe rir de si mesmo) e poesia, Schnabel nos faz chorar sim, mas sem lição de moral nem pieguice. Durante a projeção fiquei um bom tempo muito desconfortável, com certa falta de ar e as mãos contraídas (a câmera nos obriga a ver tudo pelo único olho de J-D), e demorei pra me emocionar. Pensei: "Estou gostando deste filme, a fotografia é arrebatadora e a trilha sonora, maravilhosa, então, ok. Tudo sob controle". Ok, nada. De repente, veio chegando aquela emoção muda, diferente das explosões que temos em certos filmes bobos (por exemplo, O Casamento do Meu Melhor Amigo. É... eu choro com esse filme) ou filmes sérios que não considero piegas (Mar Adentro me deixou com a cara amassada de tanto chorar)... Passa longe de piedade o que sentimos pelo protagonista de O Escafandro..., que também nos faz rir com suas observações lúcidas e às vezes cínicas sobre a vida. Aliás, não sentimos nada por ele. Nos sentimos ele, que sabiamente parafraseia o poeta: "Só os idiotas riem quando não há graça".

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Olhei e não vi

Sim, eu já tinha visto as pinturas de Marc Chagall, mas certamente não as enxerguei... Tenho a sensação de estar sendo apresentada a ele só agora e sinto que, nossa, descobri a América! Ma-ra-vi-lho-so! Ele mistura as cores de um jeito inusitado e tem uma simplicidade nada banal. Apaixonei!!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sem porquês, por favor

Este quadro é do pintor russo Marc Chagall (1887-1985) e se chama The Blue House (1917). Eu só cheguei nele porque fiz uma busca no Google quando estava lendo Kyoto, do japonês Yasunari Kawabata (1899- 1972), e a protagonista do romance disse que se recolheu em seu quarto e abriu os álbuns do pai com desenhos de Paul Klee e Chagall. Mas e daí?
E daí que eu não consigo parar de olhar e achei melhor guardá-lo aqui pra espiar sempre...

sábado, 5 de julho de 2008

Pra levar na carteira sempre

“Mala como livro, e livro como bagagem. Porque a vida é algo que se leva às costas, com custo, ou sobre as mãos, com delicadeza.” (Ondjaki)

O melhor é quando conseguimos escolher a leveza naturalmente... "Roubei" esse trecho de um blog recém-descoberto que adorei e já incluí nos meus favoritos (sweetestperson.wordpress.com).