sexta-feira, 7 de agosto de 2009

De luz e de sombras

"Uma corda arrebenta
No momento que menos se espera,
Todo mundo sabe disso.
Mesmo assim me penduro, confio,
Invento nós de múltiplos caminhos,
Roldanas, parafernálias, parafernálias..."
Enovelada e amarrada num figurino "rústico-japonista", a bailarina Diane Ichimaru, da Confraria da Dança, diz esse e outros textos por vezes cortantes por vezes suaves em seu quarto solo, Adverso. A plateia encalorada do Sesc Ribeirão Preto reage com um silêncio que talvez revele nervosismo suspenso. Eu faço parte da plateia inverno-verão, porém alterno momentos de contração muscular com riso extravasado (só eu achei graça da "piada" que é a existência?!)... O espetáculo não é leve, não dá trégua ("ah! agora sim um momento relax..." Não! Isso nunca), porém não é o que chamam os cri-críticos de "difícil". Diane é intérprete de peso, mantendo o domínio da cena mesmo em momentos em que se coloca em ciladas. Lembra uma marionete, às vezes uma gueixa (na cena que acho mais bonita, em que faz do enorme papel - machê? - um vestido longo e brinca com ele), às vezes um samurai, às vezes qualquer um de nós quando assumimos o susto de não saber pra onde estamos indo... A iluminação impecável de Marcelo Rodrigues faz do palco um lugar acolhedor, apesar da profusão de sombras. Terminei o espetáculo, não sei por quê, olhando para o teto do palco. Estava eu procurando Deus?!
*Os paulistanos, que não devem estar passando calor, poderão assistir a Adverso no dia 14/8, às 16h, no Teatro de Dança (av. Ipiranga, 344, República -São Paulo). www. teatrodedanca.org.br

Um comentário:

minutoyoga disse...

Ao olhar para cima, escalamos...