sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Então, pintei de azul os meus sapatos por não poder de azul pintar as ruas, depois, vesti meus gestos insensatos e colori as minhas mãos e as tuas. Para extingir em nós o azul ausente e aprisionar no azul as coisas gratas, enfim, nós derramamos simplesmente azul sobre os vestidos e as gravatas. E afogados em nós, nem nos lembramos que no excesso que havia em nosso espaço pudesse haver de azul também cansaço. E perdidos de azul nos contemplamos e vimos que entre nós nascia um sul vertiginosamente azul. Azul. Ontem eu usava minhas sapatilhas de plástico azul Bic e a minha amiga Wildi Celia, que reencontrei depois de uns anos, recitou esse Soneto do Desmantelo Azul. O autor é o poeta pernambucano, que eu não conhecia, Carlos Pena Filho. Ele nasceu em 1929 e morreu jovem. Como é bonito a pessoa saber de cor (e inteirinha) uma poesia que ela guarda para si!

Um comentário:

jmarcos disse...

Gosto de azul e de Flicts(Ziraldo)!!